quarta-feira, 31 de março de 2010

Quitutes de festa II: pastinhas e torradinhas


Nada mais gostoso e lúdico para acompanhar uma boa conversa, uma boa música e uma boa bebida do que patezinhos cremosos sobre torradinhas crocantes... Deliciosos, eles matam a fome – ainda que em doses homeopáticas – e nos fazem exercitar a união – pois ficamos todos em volta da mesa, cobrindo de patê tantas torradas quantas necessárias para alcançar a saciedade – e o espírito de equipe – à semelhança dos atletas da natação ou do atletismo, temos que nos revezar diante dos potes e bandejas que nos magnetizam em torno dos quitutes. As duas receitas que publicarei a seguir aprendi a fazer em casa. O patê de atum, aprendi com meu pai, desde criancinha. O de ricota, não me lembro de ter visto ninguém fazer, então acho que fui eu que inventei. Na verdade, acho que adaptei do de atum do meu pai – os ingredientes são parecidíssimos... Fiz esses patês no open house da Diana e no aniversário do Andrezinho. Tudo de bom.

Patê de atum
1 lata de atum
3 ou 4 colheres de maionese (a consistência é a gosto)
½ cenoura ralada
2 colheres (sopa) de passas pretas
2 colheres (sopa) cebola roxa picada
salsa
azeite
sal
1 pitada de pimenta caiena em pó (mas ela é difícil de achar, então pode ser a do reino branca em pó)
Escorra a água/ óleo do atum. Se for em pedaços, desfaça com um garfo. Tempere com o azeite, o sal, a cebola e a pimenta. Acrescente a cenoura e as passas e misture. Acrescente a maionese e misture de novo. Junte a salsa picada por último. Sirva cremoso e levemente picante.

Patê de ricota
250g de ricota fresca
3 ou 4 colheres de maionese
1 cenoura ralada
3 colheres (sopa) de passas brancas
1 colher (sobremesa) de mel
salsa
azeite
sal
Esfarele a ricota com um garfo. Tempere com sal, azeite e mel. Acrescente a cenoura e as passas e misture. Acrescente a maionese e misture. Salpique a salsa e misture de novo. Sirva cremoso e levemente adocicado.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Quitutes de festa I: Doritos aiaiai!


Adoro festa. Adoro quitutes de festa. Adoro amigos reunidos comendo contentes. Comidinhas de festa são sempre fáceis, rápidas e deliciosas e proporcionam um altíssimo grau de felicidade - uma ótima relação custo/benefício. Esses dias, não sei por que, houve um acúmulo de aniversários e outros eventos sociais, nos quais tive a oportunidade de exercitar a culinária festeira que tanto me agrada. Publicarei aqui algumas receitas que são ótima guarnição para o “Parabéns pra você”.

Doritos aiaiai! (essa receita é do João, gracias, mi amor!)

1 pacote de Doritos sabor queijo nacho
geléia de alguma fruta vermelha (morango, amora, framboesa)
azeitonas pretas sem caroço e em rodelas

Disponha os Doritos em um prato ou bandeja. Despreze os quebradinhos. Coloque uma porçãozinha de geléia em cima de cada um e, em cima da geléia, uma fatia de azeitona. Sirva facinho e gostosinho.

quarta-feira, 10 de março de 2010

O melhor presunto do mundo


El jamón de pata negra... aiaiai! Feito da tenra carne de porquinhos que comem bem, são felizes e moram na Espanha, o presunto Pata Negra é considerado o melhor – e o mais caro – do mundo. Há fila de espera para os restaurantes do planeta adquirirem a iguaria ibérica. E num é que a neguinha aqui conseguiu comer uma porção do presuntinho na faixa? Aaaah, muleque!

Foi assim: a Sandra Cabral e a Elaine Freires, jornalistas e minhas colegas da Rádio Eldorado, ganharam o 4º Prêmio Latino-Americano de Jornalismo em Saúde Cardiovascular. Arrasaram. E aí, para comemorar, rolou um jantar para toda a redação no pomposo restaurante A Figueira Rubayat, nos Jardins. Mano, que chiquê. Uma gente branca, bem cuidada, com cara de leite Ninho, suco de pêra, judô, curso de inglês na Alumni e férias na Europa. Era noite de quarta-feira e havia fila na porta, para degustar pratos que chegavam a custar 215 reais. Pedi, de entrada, o Pata Negra. Graças a Deus. Sabia da fama do porquinho e não sabia quando teria dinheiro para pagar por ele – acho que vi escrito no cardápio 185 reais, mas meus colegas dizem que foi 98. Confesso que comi. E não me arrependi. Absolutamente delirante, nunca tinha experimentado uma carne que desmanchasse na boca. É um sólido quase líquido. E com uma cor viva, um sabor que ativa todas as papilas gustativas, uma textura tão macia, uma gordura... gordurosa. É presunto, né?

Sandroca e Lanlan: parabéns pelo prêmio e obrigada pelo jantar!!

Valeu, André!


Esse post é pro meu grande e querido amigo André D’Abô que, além de existir, é poeta e seguidor deste humilde bloguinho de sabores. Essa semana, André me lembrou das maravilhas da culinária natureba, mandando a receita do preparo de um arroz integral megaturbinado. Vou experimentar quando fizer um peixe assado e publico aqui na sequência.

Sou uma grande entisuasta da culinária vegetariana. Acho particularmente desafiador transformar um chuchu, um quiabo, um inhame, em algo delicioso. Fui apresentada ao vegetarianismo há uns quatro ou cinco anos, quando namorei, pela terceira vez, o Fábio (espero que eu cozinhe melhor do que administro minha vida afetiva...). O Fábio é rastafari e, como todo rastafai, é vegetariano, não come produtos industrializados, nada de glutamato monossódico, etc... toda uma gama de restrições alimentares. E, embora estimule a criatividade, acho muito biodesagradável esse negócio de "não como isso", "não como aquilo"... bem, o fato é que a experiência me rendeu um novo cardápio, baseado em tudo o que a terra dá, e cinco quilos a menos, por compartilhar - involuntariamente - da dieta vegetariana...

Espaguete com abobrinha divina e alho-poró
250g de espaguete integral
1 abobrinha
4 alhos-porós
2 tomates
3 colheres (sopa) de amêndoas
3 fatias de queijo minas
3 colheres de manteiga
½ colher (chá) de açafrão
½ colher (chá) de páprica picante
1 dente de alho
pimentão vermelho
Azeite
Sal
Salsa
Cozinhe e escorra o macarrão. Corte a abobrinha ao meio e depois em tiras longitudinais, desprezando o miolo com as sementes. Fatie o alho-poró diagonalmente (o jeito de cortar não muda o sabor, é só pra ficar mais bonitinho). Refogue o alho e a abobrinha no azeite. Acrescente um pouco de água para cozinhá-la (cerca de ½ xícara). Junte o alho-poró, os temperos, o pimentão e os tomates (picados e sem sementes). Numa frigideira, toste as amêndoas com um fio de azeite e acrescente aos demais ingredientes. Quando o tomate amolecer, junte manteiga. Coloque o macarrão e misture bem. Corrija o sal. Apague o fogo, junte o queijo em cubinhos e a salsa. Abafe por alguns minutos e sirva light pero no mucho.

O Pará é aqui


Ufa, quase não deu tempo de falar da Restaurant Week... mas ainda dá pra falar – e pra comer. Até o dia 14 de março, 200 restaurantes de São Paulo oferecem entrada, prato principal e sobremesa por R$ 27,50 no almoço e R$ 39 no jantar. Coisa fina. No domingo, fui jantar no Amazônia, casa especializada na culinária paraense. Nossa Senhora do Carimbó, que comida boa!

O chef Paulo Leite apresenta os sabores de sua terra, ao mesmo tempo, com simplicidade e sofisticação, honestidade e delícia. Comi casquinha de caranguejo – que é parecida, mas mais suave do que a de siri – e filé de pirarucu com purê de banana da terra (foto) – sensacional, leve, macio e bem temperado peixe amazônico com uma guarnição docinha e cremosa, acompanhados de um arroz soltinho. Nem precisava, mas ainda tinha sobremesa: pudim de tapioca. Minhas amigas pediram o perfumado creme de cupuaçu. Ah, e pra beber, sucos de frutas típicas – cupuaçu, graviola e taperubá; também servidas em forma de sorvete – além de long necks de Cerpa, a autêntica cerveja paraense. Vale muito a pena, durante ou fora da Restaurant Week.

Muitos críticos consideram a culinária paraense a mais representativa do Brasil, pela forte influência dos hábitos alimentares indígenas mesclados às tradições e reinvenções portuguesa e africana. Fernanda Felicioni entrevistou o chef Paulo Leite no Território Musical, sobre a culinária regional brasileira e as relações entre comida e cultura. Para ouvir, clique aqui. Fui eu que produzi, vale a pena ouvir... rsrs...

Serviço: Amazônia – Rua Rui Barbosa, 206, Bixiga, São Paulo/SP. Fone: (11) 3142-9264

sábado, 6 de março de 2010

A partager largement

E esse é o Chris Combette, o co-autor da troca de emails abaixo. Ele é da Guiana Francesa e foi quem me despertou a curiosidade de saber mais sobre a cultura créole.

Créole é um termo usado e criado nas colônias e ex-colônias francófanas nas Américas, para designar a cultura mestiça nascida nas bandas de cá do Atlântico, resultado da miscelânia européia, africana e ameríndia. Et voilà, nous sommes créoles.

Em tempo: a banana foster é uma receita créole da Lousiana, sul dos Estados Unidos.

La banane créole


De Cinthia Gomes
para Chris Combette
data 3 de março de 2010 02:17
assunto Re:
enviado por gmail.com

Comment ça va, mon ami?

Moi, je suis mieux de toutes les maladies que se revient sur moi à la semaine dernière. Je suis encore rauque, mais je déjà peux parler.

J'espere que tu as du temps, parce que je vais bavarder maintenant... je t'ai raconté que j'ai acheté un livre de recettes qui s'appelle Créole, tu te rappelles? Bien, cette partie de ma vie peut s'appeller "Comment Chris Combette a changé ma vie". Je t'explique. Après de te connais et de decouvrir cette chose que vous, de la francophonie, appellez "créole", ça a fait une grande confusion en ma tête. J'ai commencer à penser beaucoup de choses d'autre manière. Il y a beucoup de temps que je étudie et travaille avec les questions du peuple noir au Brésil, sur le racisme, l'historie et ces choses comme ça. Mais, ici, les gens poliquement engagés sur ce theme sont très limités à comprendre quelques choses. Par exemple, nous, brésiliens, nous avons une merveilleuse héritage culturale africaine, sans doute, mais nous ne sommes pas africaines... Les gens qui combattent autour de la question racial veulent retourner à une Afrique ancêstre qui n'exist pas encore. Et nous sommes aussi africains, mais aussi portugais, aussi arabien, aussi indigène... et nous sommes tout ça, ensemble, et à l'Amerique - et ça change tout. Et voilà: tu me parles sur la culture créole et j'ai commencé a rechercher sur ça. J'ai aperçu qu'il y a beaucoup de ressemblance sur les choses que je pense et cette culture, cette manière de comprendre qui nous sommes. Et, comme l'important, à moi, c'est la cuisine, j'ai pensé: quel est le goût de la culture créole? Diamanche, j'ai trové quelques-uns. Couriandre, piment cayenne, paprika, origan, ail, oignon... tout que je déjà connais à ma cuisine, mais dans une moyen différent. Mes amis et moi ont fait des crévettes cajun avec du riz créole (ou presque ça... haha) et pour le dessert, bananas foster, une formidable recette de la cuisine créole de la Louisiane, avec de la canelle, du rhum, du cassonade et de la glace à la crème. La menthe c'est ma inventiom... Quel délice! Quel bonheur! Je t'envie la photo de la banana foster car en plus elle est aussi belle...

Donc, je te remercie pour me mettre devant d'un nouveau monde d'idées et de saveurs. Merci beaucoup.

À bientôt.


De Chris Combette
para Cinthia Gomes
data 3 de março de 2010 12:08
assunto Re: Re:

Hum !...
En regardant ce dessert, je m'imagine le moelleux de la banane mélangé avec la douce froideur de la glace à la crème... évidement après les crevettes cajun au riz créole.
Je suis heureux que tu ailles mieux, maintenant tu peux cuisiner toutes sortes de plats et la banane foster est la plus réussie de toute l'Amérique du Sud !...

Et oui, le concept de "créolité" est moderne, il est né en Martinique dans les années 1980. C'est un peu la suite historique de la Négritude de Aimée Césaire, il s'agit de traiter de la place de ces "métis" nés, parfois dans la douleur dans le cas de l'esclavage, du mélange de l'Europe et de l'Afrique.
Cette histoire a laissé des vides, des interrogations, des malaises et il a bien fallu trouver des réponses à l'aliénation coloniale.
Patrick Chamoiseau, Raphaël Confiant et Jean Bernabé ont donc écrit L'éloge de la Créolité mais avant eux Edouard Glissant avait développé l'idée de l'Antillanité qui, justement, intègre dans l'identité antillaise les caraïbes, les européens, les indiens, les syriens et même les chinois.

Il y a bien sûr de grandes similitudes entre le Brésil et les DOM (Martinique, Guyane, Guadeloupe, Réunion) qui est assez facile à comprendre si on considère l'esclavage.
Nous avons en commun l'Afrique qui fait le lien et on retrouve dans nos musiques, nos attitudes, nos cultures des ressemblances qui viennent de là, seulement, et je suis bien d'accord avec toi, nous ne sommes pas africains, je refuse de tomber dans l'exclusion d'une partie de moi même, même si l'histoire a engendré des meurtrissures, les douleurs qu'elles engendrent ne doivent surtout pas produire de la haine au contraire, nous devons cultiver l'amour et prouver que le métissage est une façon positive d'envisager l'avenir de l'humanité. Amen !..

C'est un débat tellement passionnant !....

Je t'embrasse en pensant toujours à la banane foster..

Chris.


Bananas Foster

4 bananas nanicas
3 colheres (sopa) de manteiga
4 colheres (sopa) de açúcar mascavo
1 colher (chá) de canela em pó
1/2 xícara de rum
1/2 xícara de licor ou cachaça de banana
sorvete de creme
hortelã

Corte as banandas em rodelas. Numa frigideira, derreta a manteiga. Em seguida, misture o açúcar e a canela. Acrescente as bananas e o licor/cachaça. Quando as bananas começarem a amolecer, junte o rum e flambe. Sabe flambar? É assim: derrame o rum sobre as bananas, aumente o fogo e vire a frigideira de lado, sobre a chama, pra pegar fogo dentro dela. Mas tem que ser rápido, senão o rum evapora e não fica legal. Agite a frigideira até o fogo apagar. Disponha as bananas com a calda sobre o sorvete de creme, com folhinhas de hortelã para decorar e refrescar. Sirva quente e gelado.